segunda-feira, dezembro 25, 2006

Memória de Riga . 1

Acaso, coincidência, sorte...
De cada vez que penso numa destas minhas digressões / descobrimentos, há um ponto central - uma cidade, um espaço geográfico, que me interessa particularmente. Depois, e por motivos ou logísticos ou apenas pela intuição vou inscrevendo outras cidades no meu roteiro.

Assim, a viagem do ano passado começou com a ideia de visitar Praga. E Praga interessou-me, intrigou-me, desde logo pelo apelo que tinha estado a suscitar no turismo. Porque seria? Depois interessou-me pela actividade cultural intensa que a cidade sempre despertou junto dos mais variados artistas: da música à literatura, da pintura à arquitectura... Elegendo Praga como ponto principal dessa viagem, interroguei-me porque não acrescentar Berlim ao roteiro; afinal tinha lá estado em miúdo, e, da cidade alemã, farrapos de imagens ainda persistiam na minha memória.
Viena, a meio caminho, foi uma paragem lógica: antiga capital do império austro-húngaro, centro da Mitteleuropa, cruzamento do ocidente para oriente, do norte para sul da Europa, não deveria faltar. Portanto o início da viagem estava planeado: Berlim, Praga, Viena. Mas estando eu em Viena, não seria possível, dar uma saltada (maneira de dizer) a Budapeste? A outra grande capital do império austro-húngaro, onde chegava o mítico expresso do oriente... E, já agora, porque não a enigmática Bratislava (enigmática porque praticamente nada sabia acerca desta cidade). E o circuito estava, assim, feito. Apenas, por questões logísticas acrescentei Colónia - e de que não me arrependo um milímetro.

Depois vieram as surpresas. Em Berlim comecei a reparar na arquitectura Art Nouveau aqui chamada de Jugenstil; não muito presente, mas ainda assim significativa. Em Praga e em Viena este mesmo estilo arquitectónico, por essas bandas chamado de Sezessionsstil, estava muito mais presente. Em Bratislava encontrei ainda alguns edifícios nesse mesmo estilo e finalmente em Budapeste (a Paris da Mitteleuropa) a Art Nouveau imperava, sobretudo no centro da cidade.
Fiquei, não digo um "connaisseur", mas um apreciador mais enriquecido desse tipo de arquitectura.

Ainda este ano - em período fora de férias - numa visita a Łódź voltei a encontrar o que por ali é chamado de Młoda Polska - a versão polaca da Art Nouveau.

A viagem deste ano foi pensada, não numa cidade específica, mas numa região: o Báltico. Lembro-me de ter estudado, já não sei exactamente porquê, no liceu, na disciplina de geografia, o Mar Báltico e o Golfo de Riga; em história a Liga Hanseática e a importância da cidade de Riga nesta associação comercial entre cidades. Depois havia ainda o facto de em miúdo ao fazer a colecção de cromos com as bandeiras de todos os países do mundo, e na secção relativa à Europa, aparecerem três bandeiras de países dos quais nunca nada ouvira: Estónia, Letónia, Lituânia. Mas que países eram esses?
Neste percurso Varsóvia surgiu como escala, e ainda como contraponto a Berlim. Ambas as cidades foram praticamente destruídas no final da II Grande Guerra: como "recuperaram elas"?
Finalmente Helsínquia foi igualmente incluída já que, uma vez em Tallinn, numa travessia de barco de cerca de hora e meia, estava naquela cidade - e aí a arquitectura contemporânea era um chamamento irresistível.

Ora as coincidências, ou talvez melhor, a continuidade, na arquitectura característica de Viena, Praga e Budapeste encontrei eu este ano em Riga.
Nada mais nada menos a cidade com maior património arquitectónico em Art Nouveau.
É de facto esta a memória mais marcante que tenho da capital da Letónia.

Rīga - Smilšu iela


Ruas e ruas no chamado "centro histórico" apenas com construções naquele estilo

Rīga - Šķūņu iela


umas esculturas decorativas mais "ortodoxas"

Rīga - Ģertrūdes iela


outras mais "modernas"

Rīga - Elizabetes iela


Igualmente fora do "centro histórico" o estilo está presente

Rīga - Elizabetes iela


quarteirões de edifícios com decorações inspiradas em faces humanas

Rīga - Alberta iela

em animais

Rīga - Smilšu iela


linhas ondulantes e formas florais

Rīga - Ģertrūdes iela


Rīga - Tirgoņu iela


um ou outro edifício à espera de recuperação

Rīga - Alberta iela


mas sempre, sempre motivos ornamentais muito característicos do estilo

Rīga - Teātra iela


Uma curiosidade, entre muitas outras: Mikhail Eisenstein, pai do realizador Sergueï Eisenstein, tem várias construções de que foi arquitecto

Rīga - Strēlnieku iela


Enfim um regalo para apreciadores da Art Nouveau

Rīga - Strēlnieku iela

(para ver a colecção com cerca de 100 fotos minhas de Art Nouveau em Riga, clicar aqui)

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