Mas Riga não é apenas e só "Art Noveau".
Riga foi, como referi anteriormente, uma cidade importantíssima no seio da Liga Hanseática, já que era ponto de encruzilhada entre o Mar do Norte e seus portos (leia-se a Alemanha e seus protectorados) e o oriente da Europa (Rússia).
Assim encontram-se várias marcas da presença alemã em Riga. Desde logo a Casa Grande da Guild (associação mercantil). Edifício onde se encontram várias inscrições em alemão antigo
com interessantíssimos vitrais representando os vários oficios:
Outras presenças, mais recentes, podem encontrar-se em Riga
Mas para além destes símbolos e remontando a tempos mais recuados, Riga apresenta uma riquíssima variedade de edificações
a parte mais antiga da cidade com ruas estreitas
Muito perto de Riga encontra-se a vila de Jūrmala - estância balnear dos habitantes de Riga
e onde se podem encontrar algumas casas de verão da burguesia do antigamente
outras já muito recentes
Riga não descansou à sombra da sua integração na União Europeia. O seu desenvolvimento é notório igualmente na quantidade e qualidade de edifícios modernos - sobretudo longe do centro da cidade
Sem dúvida que Riga constitui uma boa escolha no meu itinerário de férias.
quinta-feira, dezembro 28, 2006
segunda-feira, dezembro 25, 2006
Memória de Riga . 1
Acaso, coincidência, sorte...
De cada vez que penso numa destas minhas digressões / descobrimentos, há um ponto central - uma cidade, um espaço geográfico, que me interessa particularmente. Depois, e por motivos ou logísticos ou apenas pela intuição vou inscrevendo outras cidades no meu roteiro.
Assim, a viagem do ano passado começou com a ideia de visitar Praga. E Praga interessou-me, intrigou-me, desde logo pelo apelo que tinha estado a suscitar no turismo. Porque seria? Depois interessou-me pela actividade cultural intensa que a cidade sempre despertou junto dos mais variados artistas: da música à literatura, da pintura à arquitectura... Elegendo Praga como ponto principal dessa viagem, interroguei-me porque não acrescentar Berlim ao roteiro; afinal tinha lá estado em miúdo, e, da cidade alemã, farrapos de imagens ainda persistiam na minha memória.
Viena, a meio caminho, foi uma paragem lógica: antiga capital do império austro-húngaro, centro da Mitteleuropa, cruzamento do ocidente para oriente, do norte para sul da Europa, não deveria faltar. Portanto o início da viagem estava planeado: Berlim, Praga, Viena. Mas estando eu em Viena, não seria possível, dar uma saltada (maneira de dizer) a Budapeste? A outra grande capital do império austro-húngaro, onde chegava o mítico expresso do oriente... E, já agora, porque não a enigmática Bratislava (enigmática porque praticamente nada sabia acerca desta cidade). E o circuito estava, assim, feito. Apenas, por questões logísticas acrescentei Colónia - e de que não me arrependo um milímetro.
Depois vieram as surpresas. Em Berlim comecei a reparar na arquitectura Art Nouveau aqui chamada de Jugenstil; não muito presente, mas ainda assim significativa. Em Praga e em Viena este mesmo estilo arquitectónico, por essas bandas chamado de Sezessionsstil, estava muito mais presente. Em Bratislava encontrei ainda alguns edifícios nesse mesmo estilo e finalmente em Budapeste (a Paris da Mitteleuropa) a Art Nouveau imperava, sobretudo no centro da cidade.
Fiquei, não digo um "connaisseur", mas um apreciador mais enriquecido desse tipo de arquitectura.
Ainda este ano - em período fora de férias - numa visita a Łódź voltei a encontrar o que por ali é chamado de Młoda Polska - a versão polaca da Art Nouveau.
A viagem deste ano foi pensada, não numa cidade específica, mas numa região: o Báltico. Lembro-me de ter estudado, já não sei exactamente porquê, no liceu, na disciplina de geografia, o Mar Báltico e o Golfo de Riga; em história a Liga Hanseática e a importância da cidade de Riga nesta associação comercial entre cidades. Depois havia ainda o facto de em miúdo ao fazer a colecção de cromos com as bandeiras de todos os países do mundo, e na secção relativa à Europa, aparecerem três bandeiras de países dos quais nunca nada ouvira: Estónia, Letónia, Lituânia. Mas que países eram esses?
Neste percurso Varsóvia surgiu como escala, e ainda como contraponto a Berlim. Ambas as cidades foram praticamente destruídas no final da II Grande Guerra: como "recuperaram elas"?
Finalmente Helsínquia foi igualmente incluída já que, uma vez em Tallinn, numa travessia de barco de cerca de hora e meia, estava naquela cidade - e aí a arquitectura contemporânea era um chamamento irresistível.
Ora as coincidências, ou talvez melhor, a continuidade, na arquitectura característica de Viena, Praga e Budapeste encontrei eu este ano em Riga.
Nada mais nada menos a cidade com maior património arquitectónico em Art Nouveau.
É de facto esta a memória mais marcante que tenho da capital da Letónia.
Ruas e ruas no chamado "centro histórico" apenas com construções naquele estilo
umas esculturas decorativas mais "ortodoxas"
outras mais "modernas"
Igualmente fora do "centro histórico" o estilo está presente
quarteirões de edifícios com decorações inspiradas em faces humanas
em animais
linhas ondulantes e formas florais
um ou outro edifício à espera de recuperação
mas sempre, sempre motivos ornamentais muito característicos do estilo
Uma curiosidade, entre muitas outras: Mikhail Eisenstein, pai do realizador Sergueï Eisenstein, tem várias construções de que foi arquitecto
Enfim um regalo para apreciadores da Art Nouveau
(para ver a colecção com cerca de 100 fotos minhas de Art Nouveau em Riga, clicar aqui)
De cada vez que penso numa destas minhas digressões / descobrimentos, há um ponto central - uma cidade, um espaço geográfico, que me interessa particularmente. Depois, e por motivos ou logísticos ou apenas pela intuição vou inscrevendo outras cidades no meu roteiro.
Assim, a viagem do ano passado começou com a ideia de visitar Praga. E Praga interessou-me, intrigou-me, desde logo pelo apelo que tinha estado a suscitar no turismo. Porque seria? Depois interessou-me pela actividade cultural intensa que a cidade sempre despertou junto dos mais variados artistas: da música à literatura, da pintura à arquitectura... Elegendo Praga como ponto principal dessa viagem, interroguei-me porque não acrescentar Berlim ao roteiro; afinal tinha lá estado em miúdo, e, da cidade alemã, farrapos de imagens ainda persistiam na minha memória.
Viena, a meio caminho, foi uma paragem lógica: antiga capital do império austro-húngaro, centro da Mitteleuropa, cruzamento do ocidente para oriente, do norte para sul da Europa, não deveria faltar. Portanto o início da viagem estava planeado: Berlim, Praga, Viena. Mas estando eu em Viena, não seria possível, dar uma saltada (maneira de dizer) a Budapeste? A outra grande capital do império austro-húngaro, onde chegava o mítico expresso do oriente... E, já agora, porque não a enigmática Bratislava (enigmática porque praticamente nada sabia acerca desta cidade). E o circuito estava, assim, feito. Apenas, por questões logísticas acrescentei Colónia - e de que não me arrependo um milímetro.
Depois vieram as surpresas. Em Berlim comecei a reparar na arquitectura Art Nouveau aqui chamada de Jugenstil; não muito presente, mas ainda assim significativa. Em Praga e em Viena este mesmo estilo arquitectónico, por essas bandas chamado de Sezessionsstil, estava muito mais presente. Em Bratislava encontrei ainda alguns edifícios nesse mesmo estilo e finalmente em Budapeste (a Paris da Mitteleuropa) a Art Nouveau imperava, sobretudo no centro da cidade.
Fiquei, não digo um "connaisseur", mas um apreciador mais enriquecido desse tipo de arquitectura.
Ainda este ano - em período fora de férias - numa visita a Łódź voltei a encontrar o que por ali é chamado de Młoda Polska - a versão polaca da Art Nouveau.
A viagem deste ano foi pensada, não numa cidade específica, mas numa região: o Báltico. Lembro-me de ter estudado, já não sei exactamente porquê, no liceu, na disciplina de geografia, o Mar Báltico e o Golfo de Riga; em história a Liga Hanseática e a importância da cidade de Riga nesta associação comercial entre cidades. Depois havia ainda o facto de em miúdo ao fazer a colecção de cromos com as bandeiras de todos os países do mundo, e na secção relativa à Europa, aparecerem três bandeiras de países dos quais nunca nada ouvira: Estónia, Letónia, Lituânia. Mas que países eram esses?
Neste percurso Varsóvia surgiu como escala, e ainda como contraponto a Berlim. Ambas as cidades foram praticamente destruídas no final da II Grande Guerra: como "recuperaram elas"?
Finalmente Helsínquia foi igualmente incluída já que, uma vez em Tallinn, numa travessia de barco de cerca de hora e meia, estava naquela cidade - e aí a arquitectura contemporânea era um chamamento irresistível.
Ora as coincidências, ou talvez melhor, a continuidade, na arquitectura característica de Viena, Praga e Budapeste encontrei eu este ano em Riga.
Nada mais nada menos a cidade com maior património arquitectónico em Art Nouveau.
É de facto esta a memória mais marcante que tenho da capital da Letónia.
Ruas e ruas no chamado "centro histórico" apenas com construções naquele estilo
umas esculturas decorativas mais "ortodoxas"
outras mais "modernas"
Igualmente fora do "centro histórico" o estilo está presente
quarteirões de edifícios com decorações inspiradas em faces humanas
em animais
linhas ondulantes e formas florais
um ou outro edifício à espera de recuperação
mas sempre, sempre motivos ornamentais muito característicos do estilo
Uma curiosidade, entre muitas outras: Mikhail Eisenstein, pai do realizador Sergueï Eisenstein, tem várias construções de que foi arquitecto
Enfim um regalo para apreciadores da Art Nouveau
(para ver a colecção com cerca de 100 fotos minhas de Art Nouveau em Riga, clicar aqui)
quinta-feira, dezembro 07, 2006
Memória de Vilnius . 3
As memórias mais vivas de Vilnius ficariam incompletas se deixasse de referir o "Europos Parkas".
Em 1989 o Instituto Geográfico Nacional Francês calculou que o Centro Geográfico da Europa se situaria perto da localidade de Purnuškės - a cerca de 15km de Vilnius. O escultor lituano Gintaras Karosas (19 anos na altura) "aproveitando a deixa" criou muito perto desse local, em plena floresta uma escultura assinalando o "centro da Europa".
Tinha nascido um museu de arte contemporânea ao ar livre.
Hoje pelo parque, com cerca de 55 hectares, encontram-se mais de 90 obras de arte de artistas de 27 países diferentes.
("Gerianti struktūra su inksto formos baseinu" (Drinking Structure with Exposed Kdney Pool) by Dennis Openheim, 1998)
("Dvigubo negatyvo piramidė" (Double Negative Pyramid) by Sol LeWitt, 1998)
("Senoliai" (Ancients) by Blane De St. Croix, 1996)
("Rekviem mirusiam poni" (Requiem for a Dead Pony) by Laurent Mellet, 1994)
("Europos centro monumentas" (Monument of the Centre of Europe); by Gintaras Karosas, 1993)
("Berankė" (Armless) by Vytautas Kašuba, 1954)
("Moteris žiūrinti į mėnulį" (Wooman looking at the Moon), by Javier Cruz, 1996)
("Neatpažinto augimo erdvė"; (Space of Unknown Growth) by Magdalena Abakanowicz, 1998)
("Vieta" (The Place) by Gintaras Karosas, 2001)
("Pagauk vėją" (Catch the Wind) by Strijdom van der Merwe, 2004)
("Ieva tarp medžių" (Eve among Trees) by El Sayed Abdou Selim, 1997)
Uma óptima maneira de me despedir de Vilnius.
Em 1989 o Instituto Geográfico Nacional Francês calculou que o Centro Geográfico da Europa se situaria perto da localidade de Purnuškės - a cerca de 15km de Vilnius. O escultor lituano Gintaras Karosas (19 anos na altura) "aproveitando a deixa" criou muito perto desse local, em plena floresta uma escultura assinalando o "centro da Europa".
Tinha nascido um museu de arte contemporânea ao ar livre.
Hoje pelo parque, com cerca de 55 hectares, encontram-se mais de 90 obras de arte de artistas de 27 países diferentes.
("Gerianti struktūra su inksto formos baseinu" (Drinking Structure with Exposed Kdney Pool) by Dennis Openheim, 1998)
("Dvigubo negatyvo piramidė" (Double Negative Pyramid) by Sol LeWitt, 1998)
("Senoliai" (Ancients) by Blane De St. Croix, 1996)
("Rekviem mirusiam poni" (Requiem for a Dead Pony) by Laurent Mellet, 1994)
("Europos centro monumentas" (Monument of the Centre of Europe); by Gintaras Karosas, 1993)
("Berankė" (Armless) by Vytautas Kašuba, 1954)
("Moteris žiūrinti į mėnulį" (Wooman looking at the Moon), by Javier Cruz, 1996)
("Neatpažinto augimo erdvė"; (Space of Unknown Growth) by Magdalena Abakanowicz, 1998)
("Vieta" (The Place) by Gintaras Karosas, 2001)
("Pagauk vėją" (Catch the Wind) by Strijdom van der Merwe, 2004)
("Ieva tarp medžių" (Eve among Trees) by El Sayed Abdou Selim, 1997)
Uma óptima maneira de me despedir de Vilnius.
quarta-feira, dezembro 06, 2006
Memória de Vilnius . 2
Vilnius, a capital de Mindaugas - primeiro rei da Lituânia
é uma encruzilhada nas rotas terrestres da Alemanha para o Norte da Europa. Não é por acaso que a cidade (e o país) tenha sido disputada e ocupada por polacos, alemães, russos.
Sinais dessas presenças são visíveis ainda hoje.
(restos da muralhas e Bastião)
A presença alemã pode ser encontrada na Igreja Evangélica Luterana
hoje recuperada e novamente activa
ou ainda, num outro momento histórico, através dos memoriais do gueto judeu
Com uma população judia muito significativa
Vilnius é uma cidade onde se encontram igualmente várias igrejas ortodoxas russas
com os seus interiores riquissimos
e uma quantidade significativa de igrejas católicas de várias épocas, igualmente recuperadas ou em trabalhos de conservação
A seguir à II Guerra, quando a Lituânia foi integrada como uma das repúblicas da URSS, o interior das igrejas foi reconvertido ou em ateliers para artistas plásticos ou para outras funções sociais que não religiosas.
Marcas da "sovietização" de Vilnius existem poucas
Ao lado do recente edifício do parlamento
um memorial relembra 1991, quando as tropas da URSS combateram os independentistas da Lituânia, tentando forçar o não desmembramento da União
É de facto após a retomada da independência que Vilnius readquire uma importância que se mostra através da sua própria renovação e reabilitação
(defronte da Biblioteca Nacional)
(pormenor do Teatro de Ópera e Bailado)
(pormenor da fachada do Teatro Nacional)
ao mesmo tempo que preserva a sua herança cultural.
(estátua a Sofija Pšibiliauskienė and Marija Lastauskienė, duas irmãs escritoras que escreviam sob o pseudónimo de Lazdynų Pelėda)
E orgulha-se de ter a única estátua a Frank Zappa...
estátua demasiado "formal", provavelmente daí o grande graffitti mesmo ao lado
e...
!!!
é uma encruzilhada nas rotas terrestres da Alemanha para o Norte da Europa. Não é por acaso que a cidade (e o país) tenha sido disputada e ocupada por polacos, alemães, russos.
Sinais dessas presenças são visíveis ainda hoje.
(restos da muralhas e Bastião)
A presença alemã pode ser encontrada na Igreja Evangélica Luterana
hoje recuperada e novamente activa
ou ainda, num outro momento histórico, através dos memoriais do gueto judeu
Com uma população judia muito significativa
Vilnius é uma cidade onde se encontram igualmente várias igrejas ortodoxas russas
com os seus interiores riquissimos
e uma quantidade significativa de igrejas católicas de várias épocas, igualmente recuperadas ou em trabalhos de conservação
A seguir à II Guerra, quando a Lituânia foi integrada como uma das repúblicas da URSS, o interior das igrejas foi reconvertido ou em ateliers para artistas plásticos ou para outras funções sociais que não religiosas.
Marcas da "sovietização" de Vilnius existem poucas
Ao lado do recente edifício do parlamento
um memorial relembra 1991, quando as tropas da URSS combateram os independentistas da Lituânia, tentando forçar o não desmembramento da União
É de facto após a retomada da independência que Vilnius readquire uma importância que se mostra através da sua própria renovação e reabilitação
(defronte da Biblioteca Nacional)
(pormenor do Teatro de Ópera e Bailado)
(pormenor da fachada do Teatro Nacional)
ao mesmo tempo que preserva a sua herança cultural.
(estátua a Sofija Pšibiliauskienė and Marija Lastauskienė, duas irmãs escritoras que escreviam sob o pseudónimo de Lazdynų Pelėda)
E orgulha-se de ter a única estátua a Frank Zappa...
estátua demasiado "formal", provavelmente daí o grande graffitti mesmo ao lado
e...
!!!
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