(post "Berlim 3" actualizado com fotografias)
As marcas da II Grande Guerra não deixam o passeante indiferente.
Lembro há cinquenta anos de quarteirões inteiros completamente interditos - e tinham passado 10 anos sobre o fim da Guerra - devido a bombas não explodidas ou ao perigo de desmoronamento - para um miudo de 9 anos, estes factos são "normais" dentro da "anormalidade" de um outro mundo: a neve e o frio... o facto de haver edredões e não cobertores... ou o facto de apenas se falar alemão...
Algumas dessas marcas ainda persistem - e elas existem sobretudo na parte "leste" - na que foi a capital da DDR - mesmo em edifícios importantes e históricos, como na chamada "Ilha dos Museus".
O "Neues Museum" e o "Bodemuseum" estão em reconstrução, em grande parte devido aos estragos causados pelos bombardeamentos.
Depois há a presença, mesmo quando ausente, do "Muro".
Em certos locais, bocados do "Muro" são preservados como memória,
(em Bernauer Strasse, defronte de um pedaço do "Muro" preservado, tal qual: com o "no man's land", existe um Museu dedicado exclusivamente ao "Muro")
(em Niederkirchnerstrasse - entre o "Checkpoint Charlie" e a célebre Potsdamer Platz - outro bocado do "Muro" com um Museu adjacente dedicado ao Nazismo)
e de vez em quando, ao andar-se na rua, olha-se para o chão e, lá está, a lembrança de que o "Muro" passou por ali...
por vezes, como no centro comercial da Potsdamer Platz, basta um traço...
para não esquecer...
E depois, claro, o arrependimento (?), a vergonha (?), o "nunca mais" (?) em peças escultóricas que se encontram, sem as procurarmos
(Savignyplatz)
ou como o "O Deutschland, bleiche Mutter" ("Oh Alemanha, pálida mãe" - frase do Brecht) à memória dos que passaram, ou ficaram, pelo Campo de concentração de Mauthausen
ou em memoriais como o "Neue Wache" (Nova Vigia)
[este memorial é de facto arrepiante... a solidão da Alemanha com um dos seus filhos mortos nos braços, no meio daquela sala enorme...]
Um imenso memorial ao Holocausto estende-se perto da mítica "Unter den Linden"
labirinto de paralelepípedos de diversos tamanhos
onde nos perdemos sem saber como de lá sair...
Terá algum destes factos influenciado para que me impressionasse, do ponto de vista arquitectónico, com o "Jüdische Museum"? (era tarde quando por lá passei; não deu para entrar... fiquei com alguma curiosidade...)
E se é importante que a memória do passado (mesmo negro) persista, a verdade é que Berlim é, e é-o antes de mais, uma cidade cheia de cor, vida e boa disposição...
sexta-feira, setembro 02, 2005
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