terça-feira, agosto 09, 2005

Berlim - 4 (actualizado com fotos)

(depois do jantar)

descobri hoje a subtileza da cozinha oriental: uma sopa, verdadeiramente extraordinária, vietnamita (sem picantes, que julgo serem condimentos acrescentados para ocidental ver).

De facto encostamo-nos aos hábitos (ou estarei a generalizar?) - mais uma vez o restaurante asiático. Aliás já "criei" certos hábitos aqui (e só cá estou há três dias). De manhã três portas a seguir ao hotel um café onde o empregado apenas me pergunta se sempre é uma água e um expresso. A seguir ao jantar (sempre no asiático, embora os pratos tenham variado) um expresso no "Cafe Graffiti" (o que não deixa de ser curioso depois do que ontem deixei expresso acerca dos graffiti) em que o empregado igualmente confirma de sorriso de orelha a orelha se sempre é um expresso... Ah! e a menina do "Bar Nirvana" que continua a insistir em que eu entre e beba um copo... Pois é! se cá estivesse mais uns dias garanto que teria entrado para "morder" o ambiente - embora me pareça que não deva ser muito diferente que o do Km 4 à saída de Évora (para bom entendedor...)



Dia cinzento chuviscoso (isto diz-se?).
Exposição "Brücke und Berlin" (trad.: Pontes e Berlim) - 100 anos de Expressionismo.

(cartaz de rua)

Interessante. Não conhecia este grupo de pintores (com formação em arquitectura) do inicio sec.XX - depois da I Guerra, nos anos 20, cada um seguiu o seu percurso. Mas os anos do grupo "Brücke" são bastante interessantes; vagamente inspirados no "fauvismo", por vezes alguma técnica do último Van Gogh, afastando completamente o decorativismo, incidindo sobretudo na crueza da vida e do corpo.


(do folheto)

(do Diário de Bordo)
Decidi à saida (da exposição) ir ao KDW (grandes armazens) antes de, como pensado, ir ver o busto da Nefrititi. Eis senão quando passo por uma rua cujo nome não me é estranho.



Tenho (quase) a certeza que foi nesta rua que morei há cerca de cinquenta anos. A arquitectura da rua é agora mais moderna (anos 80), portanto nem me dei ao trabalho de a percorrer à procura de uma qualquer recordação.

Chuvisca, estou com fome e perto do KDW.

Uma velhinha, à minha frente, no self service do buffet das saladas, olhou-me com um sorriso guloso; retibuo-lhe com um "Gutten appetit!", em jeito de desculpa ela, babando-se dos olhos, responde-me: "Alles schmeckt so gut hier!" (trad.: É tudo tão bom aqui!) e continuou a servir-se; o mesmo fiz eu sem qualquer acanhamento.




(cerca das 16H)
"Scheise!" (trad.: Merda!) - o museu egípcio onde deveria estar o busto da Nefretiti está fechado. Um aviso à porta diz que está em exposição noutro museu; ora esta! e ainda por cima do outro lado da cidade!, mesmo junto ao museu onde estive de manhã!


Continua a chuviscar; estou à beira do Palácio de Charlottenburg (assim, género "Versailles": não estou pr'aí virado); hesito entre a exposição "Picasso e o seu tempo" e o museu de "Arte Nova" - tudo mesmo à mão de semear! Acabo por me decidir pelo do "Picasso...": tem uns picassos, sobretudo esboços e estudos, alguns quadros do Matisse e pouco mais...



Não saio de "barriga cheia".


Continua a chuviscar - a chamada chuva-molha-parvos. Meto-me no primeiro metro (estação "Richard Wagner"...) e vou até "qualquer sitio".


Já não chuvisca. Optimo, dá para fazer um passeiozinho a pé por Kreutzenberg. Encontro um edifício com uma arquitectura estranha mas apelativa; aproximo-me; fotografo; acabo por perceber que se trata do Museu Judeu (dou pela primeira vez pela polícia na rua...).



Continuo. Apercebo-me que a maior parte das lojas, neste bairro, são turcas (pelo menos os nomes e anúncios); cruzo-me constantemente com gente que garanto serem de origem turca: num café fumam cachimbo de água, mulheres de véu passam apressadas (em Londres eram em maior número e não estavam apenas de véu, traziam a "burka"). Dou por mim a pensar no que escrevi ontem a proposito do Hitler e pergunto a mim mesmo como teria sido se a história tivesse pendido para o outro lado.


(para as eleições gerais que se aproximam há candidatos de origem turca)


Boa noite.

Amanhã parto ao fim da tarde para Praga; muito provavelmente não terei oportunidade de postar nada. Para escrever o Diário de Bordo tenho o meu PDA!

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