(do Diário de Bordo)
16h15
Ainda no Museu de Arte Antiga. Dou por finda a visita, entrei pouco antes da 1h. Sento-me, agora, num confortável cadeirão do grande hall (brilhante ideia, a de espalharem cadeirões e fazerem do hall uma espécie de salão de 'repouso').
Ficou por ver a galeria greco-romana, as salas de pintura espanhola e italiana (outra vez? - já em Viena...)
Comecei por uma exposição temporária de gravuras do Dürer e seus contemporâneos
interessante o que se fazia na altura na Alemanha: gravuras que coladas umas às outras formavam painéis monumentais, a tentar rivalizar com as grandes construções escultóricas italianas...
Uma rápida passagem pela secção dedicada ao Egipto - alguns túmulos de faraós, múmias, peças funerárias.
Depois a ala dedicada à pintura flamenga - continuação do Museu em Viena (?????). Estranho logo, o primeiro quadro: brancos muito brancos, linhas mais vivas, cores mais definidas, uma outra luminosidade, (ao perto: as pinceladas são bem perceptiveis). A "iluminação" deste museu também nao será a melhor... por vezes a luz é reflectida no vidro ou no verniz do quadro. Será da iluminacao, esta sensação estranha? Quase que garantiria que o quadro terá sido restaurado recentemente...
Continuo. De facto a luz do museu é mais intensa que a do museu em Viena, o que torna os quadros mais "luminosos". Quase que estou perante uma "outra pintura". O olhar habitua-se. Mas de vez em quando lá aparece um quadro ainda mais "luminoso" - começo a convencer-me cada vez mais do restauro de alguns.
Poucas obras dos "grandes nomes" da pintura flamenga (comparado com Viena), mas agrada-me o que vejo.
(continuado no dia seguinte já num teclado "internacional")
Um quadro desperta-me a atenção pelo insólito - o Cristo (a figura habitual que poderia estar em qualquer Igreja) "pousando" no atelier de uma pintora (deve ser caso raro - uma pintora no sec.XVI...), a cuja olha para a figura do Cristo mas pinta o Jesus recém-nascido, com Maria e José, adorado por pastores! Perfeitamente insólito: o modelo e o quadro, e ainda o facto do pintor ser uma pintora!
Finalmente ao fundo da última sala, a revelação do que me intrigava. Uma caixa para recolha de fundos e uma explicação (felizmente tambem em inglês): alguns quadros foram restaurados (segue a lista dos principais patrocinadores) e pede-se que o visitante contribua com algum dinheiro (a entrada é gratuita) a fim de se puderem restaurar mais uns tantos que não devem ser expostos devido ao seu estado de degradação.
17h45
Sento-me na esplanada "do costume".
esteve um dia sem chuva, mas com um céu cinzento; 17ºC ao meio dia (indicava um termómetro de rua). Andei todo o dia de anorak para a chuva na mochila debalde!
Fui passeando até ao museu, mas eis que ao virar da esquina a seguir ao cafe é que é mesmo o grande aparato: Caramba, agora sim! Filma-se!
O quarteirao da rua esta cheio de carrinhas e camioes de catering, no quarteirão a seguir são roullotes, carrinhas e camiões de guarda-roupa, depois são os do material: só da Arri são seis, mais dois geradores igualmente da Arri... Isto é Hollywood transferida para Budapeste: quase toda a gente na rua de identificação ao pescoço. Um quarteirão encerrado pela polícia e por segurança privada. Não me entendo com um segurança de grande "caparro" que não me deixa fotografar o "back-stage". Aparece um tipo que fala igualmente inglês (da produção, certamente) - acaba por me dizer que não posso fotografar para o "set", mas que uma fotografia do aparato posso fazer "One picture only!". Ok, tenho o que queria.
Sigo para o Museu. Dou de caras com um mercado de construção bastante recente: linhas e cores alegres e atractivas.
(ao que parece não é do agrado geral...)
Entro. Quer por fora quer por dentro muito bem "esgalhado". Compro provisões para o almoço.
No caminho para o Museu um tipo - talvez da minha idade - desmonta de uma bicicleta e pergunta-me se falo inglês; quando lhe digo "a little bit" ele "responde, com um largo sorriso: "Oh my god! I love you!" Fartamo-nos de rir. É canadiano e quer saber se está na direcção certa para o Museu. Falamos um bocado e trocamos algumas impressões sobre as nossas viagens: ele veio com a mulher e filha de avião até Viena e depois fez o resto de bicicleta.
Acabo por saber, por ele, que em Portugal os fogos persistem...
O museu (por fora a lembrar o British, o de Berlim ou o de Viena - neo-clássico)
situa-se à beira de um enorme parque onde se encontram ainda mais uma série de palácios
outros pequenos museus e até termas para banhos (em funcionamento)...
(é suposto não se puder tirar fotografias...)
Aproveito que não chove para dar uma volta.
Dou por uma exposição estranha: cartazes de publicidade forjada (como não percebo patavina de húngaro, apenas posso achar piada aos que não têm slogans...)
(venho posteriormente a saber que é um concurso)
É que depois da chuvada de ontem parece um sacrilégio enfiar-me num museu. Acabo por almoçar no parque e resolvo finalmente visitar o Museu de Arte Antiga.
Boa noite!
quarta-feira, agosto 24, 2005
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